quarta-feira, 10 de agosto de 2011

...'' Até que ela sai do seu retraimento porque encontra alguém para o qual impele um sentimento desconhecido e poderoso. É para esse alguém que se voltam todas as suas esperanças; ela esquece o mundo e não ouve, não vê, não sente senão esse alguém; só ele existe para ela, só a ele deseja. Como essa jovem não estava corrompida pelas satisfações frívolas da vaidade, o seu desejo vai diretamente ao alvo: ela quer ser dele, encontrar numa união eterna com ele toda a felicidade que lhe falta e com ele gozar todas as alegrias que tanto desejava. Promessas sempre repetidas transformaram suas esperanças em certezas, carícias ousadas aumentam seus desejos, acabam dominando completamente a sua alma e ela flutua, num estado de semiconsciencia, num sonho de ventura incomparável. Tendo atingido o mais alto grau da impaciente espera, quando enfim estende os braços para chegar à realização de todos os seus votos ... aquele a quem tanto amava abandona-a. Ei-la privada de todas as faculdades de sentir e pensar! Ve diante de si um abismo; em torno, trevas e só trevas: nenhuma perspectiva para o futuro, nenhuma consolação, nenhum raio de esperança, porque ele a deixou, aquele unicamente em que ela se sentia viver. Não ve mais o universo em torno, nem aqueles que poderiam substituir o bem perdido; sente-se sozinha, abandonada para sempre. Então, cega, alucinada pela angustia horrível que lhe constringe o coração, precipita-se na morte que a espiava de todos os lados, a fim de nela afogar todos os seus tormentos... '

                                                             
Os sofrimentos do jovem Werther - Goethe

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