terça-feira, 3 de maio de 2011


Me sinto cada vez mais vazia a cada dia que passa. Impressionante como eu sempre gostei do outono, essa estação que congela a alma, mas aquece o coração. Como é bom chegar no fim do dia com seu pijama, após ter tomado um banho quentinho, sentar na cama, debaixo das cobertas e ler um bom livro, escrever belos textos que te preenchem de alguma maneira. Porém com ele, sempre vem aquele tanto de tristeza, que chega no final do dia para atormentar, o frio nos trás um tom sombrio, mesmo para quem o admira, ele atormenta nossa alma, nosso cérebro, e com ele sempre vem junto lembranças de um passado irredutível, um passado que ainda não passou, que insiste em continuar atormentando o presente e fazendo parte de um futuro. Hoje não foi muito diferente, deitada em minha cama, lendo um livro e sentindo a rajada de vento frio que batia na janela, recuperei lembranças que estavam embaladas em um caixote trancado à pregos, debaixo de um velho baú, escondido em um porão. Lembrei de coisas, que nem podia imaginar mais, me senti atormentada por lembranças indesejadas, lembrei do inverno passado, das noites que passei sem dormir em paz, das noites que eu tinha medo de dormir e sonhar com as coisas que me atormentavam, lembrei das pessoas que um dia achei que podia confiar, e que hoje me arrependo amargamente por um dia ter depositado essa confiança nelas, lembrei das oportunidades que surgiram e de tantas que eu poderia ter cumprido, se não fossem tantas más amizades no meu caminho para atrapalhar. Sabe, eu comecei a chorar, chorar de vergonha do que já fiz e não deveria ter feito jamais, chorei por ter amado alguém que não me deu um pingo de valor, chorei por amá-lo até hoje, chorei por ter deixado de acreditar em pessoas que valiam a pena e que apenas queriam o meu bem, queriam me ver feliz, chorei por todas as palavras ridiculas que disse à pessoas que jamais mereceram ouvi-las, e deixei de dizê-las para as que realmente precisavam ouví-las. Chorei também por todas as vezes que tentaram me fazer mal, por todas as vezes que o inimigo bateu em minha porta e me deu uma martelada no peito, chorei por lembrar das vezes que saía do meu quarto e me machucava dos outros na rua, chorei por todas as vezes que tentei aparecer e desfiz de pessoas boas, mas a maior causa dos meus choros, foi de raiva, da raiva que eu senti de mim mesma, por saber que mesmo depois de tanto quebrar a cara não aprendeo a lição nunca. O meu mundo não é o mundo das festas, das bebidas e nem das danças sensuais, muito menos de beijar vários caras em uma noite e ir embora para casa. Chorei porque me vi perdida em um mundo inteiro ao meu redor, mas que não era para mim, me sinto tão perdida aqui, sinto que faço coisas erradas, vou nas idéias erradas, e enquanto as pessoas se divertem com isso, eu só me dou mal nos dias seguintes, como pode uma festa que dura algumas horas ficar na cabeça de uma pessoa por semanas ? Como pode alguém pegar saliva de outra que acabou de conhecer ? Eu queria ser forte para dizer não, eu queria ser forte para não precisar de ir em festas para me divertir, queria não precisar de ir em festas para beijar na boca, queria não ter que ir em festas para preencher esse vazio que existe dentro de mim 24 horas por dia. Eu queria ser como essas garotas bonitas, desejadas, que os homens mesmo vêm atrás para pedir para sair, queria ser dessas bonitonas que todo homem quer namorar e valoriza para não perder. Eu queria conseguir viver da presença de Deus o tempo inteiro, e queria muito não sentir necessidades de ir em ambientes mundanos para me satisfazer por algumas horas, queria não precisar chorar por quem não me da valor, e queria me apegar dificilmente às pessoas para não precisar sofrer muito e chorar em silêncio pelos cantos da casa, queria nunca procurar ninguém no dia seguinte, mesmo que fosse a pessoa mais legal do mundo, gostaria de conseguir esperar que ela viesse até mim, mas quando me vejo, já cheguei ate ela primeiro . Eu queria saber botar em palavras, tudo o que sinto aqui dentro, eu queria surpreender as pessoas com um pensamento rápido, e muitas vezes as surpreendo, mas parece que de nada vale, porque parece que no dia seguinte elas esquecem tudo o que foi dito da minha boca, e passam a me tratar só como mais uma, mais uma entre tantas. Eu queria que reconhecessem o que há de bom em mim, e claro, também queria reconhecer o que há de bom no coração de cada pessoa que cruza o meu caminho. Naquela cama gelada eu me prostrei e chorei como uma criança faminta precisando dos seios da mãe. Eu sei que nesse mundo nada é impossível, porque seja criação de Deus ou seja por pura ciência o mundo é magnífico, tudo surgiu de um simples mistério, eu sou um mistério, você é um mistério, a quimica do amor é um mistério. Já passei por experiencias horriveis na vida, e sei que um dia cheguei a tal ponto de ter depressão, não desejo isso para ninguém, mas o fruto dessa doença sombria foi por um simples sentimento que começou a aumentar com o tempo, é um sentimento tão forte que acaba e estralhaça o coração de qualquer um, a sensação é de estar levando um tiro, de estar com o coração sendo rachado aos poucos, e um medo constante, de coisas bobas, mas que te deixa paranóico, e depois de tanta força para me recuperar, vejo que está tudo voltando novamente, e essa dor, essa dor de ser rejeitada por pessoas que quero bem, essa ilusão de um dia, tudo está acabando comigo, e logo percebo, que o próximo inverno não terá muitas diferenças do anterior !

Um comentário:

  1. Gostaria de ter palavras para expressar o que sinto também, mas acho que de nada adianta, então escrevo pensamentos curtos. Mas eu sei que nós dois temos a mesma frequência de ideias. Espero poder falar mais com você. "Abraços virtuais"...

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